tag:blogger.com,1999:blog-37112446284440423042024-02-07T09:33:03.377-03:00Geraldo Prado"Ler é desatar nós cegos"Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.comBlogger98125tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-43489246114429944752012-10-03T14:31:00.001-03:002012-10-03T14:31:24.341-03:00Apresentação de Letícia Sampaio do Grupo Matrizes... nas Jornadas de Iniciação Científica da UFRJ 2012<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/diZ8XxCztpM?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-55999156039577786372012-09-24T09:03:00.001-03:002012-09-24T09:03:15.825-03:00Grupo Matrizes Autoritárias do Processo Penal brasileiro: Rui Cunha Martins em setembro de 2012 Parte 2<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://0.gvt0.com/vi/rA99iaNsW_Q/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/rA99iaNsW_Q&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><param name="allowFullScreen" value="true" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/rA99iaNsW_Q&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true"></embed></object></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-14673297058491913162012-09-22T11:42:00.001-03:002012-09-22T11:42:03.275-03:00Grupo Matrizes autoritárias do processo penal brasileiro: Rui Cunha Martins em setembro de 2012 Parte 1<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-15988184787311569582012-06-26T22:36:00.003-03:002012-06-26T22:36:57.071-03:00Sobre o futuro Código de Processo Penal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-53925514940067792512012-06-24T18:53:00.001-03:002012-06-24T19:16:13.774-03:00Justiça - documentário<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Depois de quase três anos voltei a participar de um debate sobre o documentário Justiça, da diretora Maria Augusta Ramos, filmado em 2003 e exibido a partir de 2004.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
O debate teve lugar na <b>Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 1a. Região (Rio de Janeiro)</b>, no dia 19 de junho, e contou com a participação dos juízes trabalhistas recém empossados.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Amanhã, 25 de junho de 2012, estarei participando de novo debate, desta vez com os <b>Delegados de Polícia que estão no Curso Superior de Polícia Integrada, também no Rio de Janeiro</b>.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Tanto tempo decorrido - nove anos - e ainda hoje lembro do meu espanto e desencanto por ocasião da exibição do resultado de cem horas de gravação, em um belíssimo e justamente premiado trabalho de direção, edição e produção da Guta Ramos, com duração de cem minutos.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
O juiz que eu vi retratado ou "refletido" era muito diferente da autoimagem (dimensão imaginária) que eu cultivava e esta imagem revelava pouco ou quase nada de uma pretendida clivagem academia - judiciário - movimentos populares (dimensão simbólica).</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Compreender isso foi fundamental para mim e sinalizou a necessidade de aprofundar e radicalizar mudanças pessoais que deixassem mais nítida minha postura em face das práticas autoritárias de que a Justiça Criminal é "legítima" herdeira (dimensão real).</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Mais maduro e com o olhar determinado por outro(s) ângulo(s), </span>debater a partir do Justiça está contribuindo para aprofundar as minhas reflexões sobre as necessárias mudanças por que deve passar o Sistema Criminal em tempos de autoritarismo disfarçado, mas nem por isso menos nocivo.</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/75P1KTTTjj0?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-7813649257714805722012-06-08T08:53:00.000-03:002012-06-08T09:10:32.515-03:00Diário de viagem: caminhando por Buenos Aires<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1C79nu_T84kF5hSR8a0t29ljKlpv4mfWRLZNa_VzAen8-H69J0j9ZvBiabQojJOHLhQ9wcrjE0uH60LyZ5j9274gDNhRN13ckWenBNiV68BiqLFBDseABdgze7ctNf6xoHU3Q3UO8VDy8/s1600/Don+Julio+Buenos+Aires.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1C79nu_T84kF5hSR8a0t29ljKlpv4mfWRLZNa_VzAen8-H69J0j9ZvBiabQojJOHLhQ9wcrjE0uH60LyZ5j9274gDNhRN13ckWenBNiV68BiqLFBDseABdgze7ctNf6xoHU3Q3UO8VDy8/s320/Don+Julio+Buenos+Aires.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Da primavera ("primeiro verão") em Lisboa para o frio em Buenos Aires, nessa época do ano!<br />
Bem... o que posso dizer é que o frio, por aqui, é algo exclusivo do clima, que não contagia a hospitalidade e o carinho com os quais fui recebido fraternalmente pelos amigos argentinos.<br />
Depois de uma manhã privilegiada, nas Jornadas de Direito Processual, ouvindo as sempre inspiradoras considerações de Michele Taruffo (que dia 11 de junho estará na Faculdade Nacional de Direito - UFRJ), e de passear por Recoleta, não sem antes almoçar no belíssimo Hernán Gipponi, no Hotel Fierro,<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<br />
terminei a noite em ritmo de "criminologia crítica", recebido pelos professores Roberto Carlés e Gabriel Anitua, da Universidade de Buenos Aires.<br />
O jantar no Don Julio, em Palermo, foi estupendo e o papo extremamente agradável.<br />
Espero poder retribuir em breve o carinho e a atenção!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-48844114141619885742012-06-01T08:52:00.000-03:002012-06-01T08:52:06.634-03:00Diálogos luso-brasileiros: diário de viagem<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgchKAS6m2OIHjL-i0ORC2NvLRu5xGbiMv9y_-ihilM8V-nmKovhXAqBr9xiqNTRTkdlS3XXmCK6wfcq-wAew89Ok8f17uRL2A_MQxz3-Wve_iLSZBOIEQIE14ZE_fnIHRkXZXY6pGCcQw/s1600/Lisboa.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgchKAS6m2OIHjL-i0ORC2NvLRu5xGbiMv9y_-ihilM8V-nmKovhXAqBr9xiqNTRTkdlS3XXmCK6wfcq-wAew89Ok8f17uRL2A_MQxz3-Wve_iLSZBOIEQIE14ZE_fnIHRkXZXY6pGCcQw/s320/Lisboa.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
Imagens de uma Lisboa que acorda timidamente para o verão. As flores são do jacarandá, árvore oriunda da África, que emoldura a capital de um País que teima em resistir às pressões que o capital transnacional impõe concretamente às pessoas.<br />
Logo na chegada, segunda-feira, 28 de maio, eu fui recebido com muito afeto pelos doutores Denis Sampaio e Leonardo Rosa, Defensores Públicos do Rio de Janeiro, e doutorandos na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e reuni-me com os alunos dos mestrado e doutorado acadêmicos da centenária instituição, a convite do professor doutor Paulo Sousa Mendes e com a presença não menos ilustre do professor doutor Augusto Silva Dias, ambos referência nas ciências penais em Portugal.<br />
Apresentei singela comunicação acerca do percurso acidentado, mas incontornável, das transformações legais que colheram as medidas cautelares pessoais no processo penal brasileiro.<br />
Turma bastante interessada, o tema suscitou várias intervenções, inclusive dos professores anfitriões, que por certo nos levarão, investigadores alunos e professores, a refletir bastante.<br />
Foi uma manhã-tarde memorável, encerrada com almoço com o professor Paulo Sousa Mendes, depois de conhecer as belíssimas instalações da Universidade de Lisboa.<br />
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<br />
Na manhã seguinte já estava em Coimbra para participar da defesa da tese de doutoramento do professor Augusto Jobim, intitulada "Discurso Penal e política da prova: nos limites da governabilidade inquisitiva do processo penal brasileiro contemporâneo".<br />
Trata-se da primeira tese de investigador brasileiro apresentada no programa de doutoramento em Altos Estudos Contemporâneos (na especialidade Ciência Política, História Política e Estudos Internacionais) da Universidade de Coimbra.<br />
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<br />
<br />
A tese de Augusto Jobim, densa e competentemente articulada, foi orientada pelo professor doutor Rui Cunha Martins e bebeu no desenvolvimento das categorias da prova e evidência, do dispositivo e no adequado quadro de referências históricas que sublinha uma historicidade que permite, nas franjas, como Jobim gosta de dizer, descortinar as práticas autoritárias que resistem ao princípio democrático em matéria de Justiça Criminal.<br />
Na oportunidade salientei a importância da pesquisa portuguesa, sob a direção de Fernando Rosas, denominada "Tribunais Políticos: tribunais militares especiais e tribunais plenários durante a ditadura e o Estado Novo", obra sem equivalente no Brasil.<br />
Não raro recorremos ao "Martelo das Feiticeiras" ou ao "Manual dos Inquisidores" para capturar a essência inquisitorial de determinadas práticas penais e esta essência, vamos chamá-la assim, todavia, revela-se mais claramente e por inteiro - e rica em termos de elementos para a investigação científica - se lançamos o olhar sobre a judicialização formal da justiça política em nosso tempo!<br />
Não convém desprezar isso e os fios que tecem um único sistema repressivo, que engloba a totalidade dos fenômenos sujeitos à incriminação.<br />
Encerrei minha fala lembrando Augusto Thompson, que nos idos derradeiros dos anos 70 do século XX, lecionando na Faculdade de Direito da Universidade Cândido Mendes (Rio de Janeiro), indagado por um aluno sobre a diferença entre crime comum e crime político respondeu que a diferença está em que o "criminoso comum" não sabe que é um "criminoso político".<br />
<br />
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<br />
Com justíssima razão, testemunhada pelos que assistiram à defesa do doutor Augusto Jobim e ficaram encantados com ela, a tese foi aprovada com grau máximo, distinção e louvor, por exigente banca composta pelos professores doutores Fernando Catroga, Maria Manuela de Bastos Tavares Ribeiro, Rui Cunha Martins, Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, Alexandre Moraes da Rosa e por mim.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<br />
No retorno a Lisboa, em 30 de maio, os juízes conselheiros do Supremo Tribunal de Justiça, António Henriques Gaspar, vice-presidente, e Eduardo Maia Costa receberam-me gentilmente na sede do tribunal e depois almoçamos.<br />
As questões econômicas que tocam Portugal neste momento afligem sobremodo a Justiça e são motivo de angústia e preocupação da parte daqueles que, à semelhança de meus anfitriões, levam a sério o compromisso com a dignidade da pessoa humana e lutam por assegurá-la.<br />
Recebi de António Henriques Gaspar o livro Justiça: reflexões fora do lugar-comum (Coimbra), que imediatamente comecei a ler e que porta conteúdo que toca à cidadania em tempos de ataque às liberdades. A passagem sobre a independência judicial (fls. 61 e seguintes) é verdadeiramente notável.<br />
Por fim, voltei pra casa, mas antes matei as saudades do amigo Eduardo Benchimol, há dezenove anos morando em Lisboa, que me levou para comer um pargo no restaurante da Associação dos Pescadores de Cascais!<br />
Inesquecível... como inesquecíveis foram a janta com Denis Sampaio e Leonardo Rosa, o almoço com ambos e Paulo Sousa Mendes, Rui Cunha Martins, Eduardo Maia Costa e António Henriques Gaspar!<br />
Muito trabalho por terras lusitanas... mas muita alegria também!<br />
É isso!<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-25437567460531502262012-05-08T19:54:00.001-03:002012-05-08T19:54:57.187-03:00ManipulaçãoEm agosto de 1996, em exercício como juiz de direito na 2a. Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, publiquei o seguinte artigo em O Globo.<br />
No recenseamento das atividades judiciais, que levo a cabo para fins acadêmicos, sem dúvida que lidar com as tensões daqueles dias de pressão pela incriminação de adolescentes revela-se, retrospectivamente, um dos momentos de definição de minha trajetória pessoal.<br />
Fica o registro.<br />
<br />
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<!--StartFragment-->
<br />
<div style="line-height: 18.0pt;">
<span class="navigationtext"><span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;">Produto: </span></span><span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;"><a href="http://digicol5/archives/textos/search/?search%5bform%5d%5bfulltext%5d=O+Globo+within+PUBLICATION"><span class="informationlink"><span style="color: #555555; text-decoration: none; text-underline: none;">O Globo</span></span></a><br />
<span class="informationlink">Data de Publicação: Sábado 24 Agosto 1996 </span><br />
<span class="navigationtext">Página: </span><span class="informationlink"><a href="http://digicol5/archives/textos/search/?search%5bform%5d%5bfulltext%5d=6+within+PAGE"><span style="color: #555555; text-decoration: none; text-underline: none;">6</span></a>, <a href="http://digicol5/archives/textos/search/?search%5bform%5d%5bfulltext%5d=6+within+PAGE"><span style="color: #555555; text-decoration: none; text-underline: none;">6</span></a> </span><br />
<span class="navigationtext">Edição: 1</span><span class="informationlink"> </span><br />
<span class="navigationtext">Editoria: </span><span class="informationlink"><a href="http://digicol5/archives/textos/search/?search%5bform%5d%5bfulltext%5d=Opini%C3%A3o+within+SECTION"><span style="color: #555555; text-decoration: none; text-underline: none;">Opinião</span></a>
</span><br />
<span class="navigationtext">Caderno: </span><br />
<span class="navigationtext">Coluna/Seção: </span><br />
<span class="navigationtext">Fonte: </span><br />
<span class="navigationtext">Crédito: </span><br />
<span class="navigationtext">Tipo de matéria: </span><br />
<span class="navigationtext">Chamada: </span><br />
<span class="navigationtext">Link: </span><br />
<span class="navigationtext">Série: </span><span class="informationlink">textos~104207232</span></span><span class="informationlink"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<h1 style="line-height: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 10pt;">Manipulação</span><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></h1>
<div style="line-height: 18.0pt;">
<span class="highlight1"><span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;">GERALDO PRADO</span></span><span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;">Ao Estatuto da Criança e do Adolescente comumente tem se atribuído
muitas virtudes e pecados. Porém, nesta semana, a maior autoridade da área de
segurança pública do Rio de Janeiro, responsável por garantir a ordem pública
em todo o estado, reacendeu a polêmica e, talvez sem querer, incluiu na
discussão até a própria Constituição, ao "acusar" a legislação atual
de incentivadora da delinqüência juvenil.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;">Mais grave que a proposta de se alterar o artigo 228 da
Constituição e a filosofia criminalizante que a inspira sem dúvida está,
segundo creio, o objetivo de manipulação dos meios de informação, e através deles
da opinião pública, no sentido de difundir duas idéias igualmente graves: a
primeira delas consiste em se fazer crer que o Estado tem feito tudo a seu
alcance e, apesar disso, não consegue debelar a séria questão da criminalidade
de adolescentes; e, como conseqüência, que somente endurecendo o tratamento
dispensado aos jovens em conflito com a lei seria possível obter-se resultados
mais significativos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;">Só quem não conhece as instituições de atendimento a adolescentes
infratores tem condições de acreditar que os atuais esforços do Governo ao qual
pertence o ilustre secretário são suficientes para dotar o Rio de Janeiro de
uma estrutura adequada, capaz de realizar profundas inserções junto às famílias
dos adolescentes processados e assim criar condições de impedimento da
reincidência. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;">Hoje, pelo contrário, o Instituto Padre Severino, a Escola João
Luiz Alves e os Criams - herdados, sublinhe-se, do Governo Federal - estão muito
aquém das condições ideais de funcionamento, sendo alvos de constante
fiscalização judicial. É razoável supor que se as instituições do Governo a que
pertence o secretário funcionassem corretamente, a repetição de crimes de
adolescentes, quase sempre determinada pelos desajustes familiares, a ausência
de atendimento nas redes de saúde e ensino, além da precária oferta de
trabalho, seria bem menor que a aquela hoje verificada.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;">Todavia, apesar da quase falência da rede atual, é importante que
se saiba que no Rio de Janeiro não mais de 300 jovens estão internados, contra
cerca de 15 mil adultos presos, com a manifesta vantagem de, ao custo do
esforço ainda muito grande de diversos militantes, alguns, funcionários das
instituições do estado, termos números reduzidíssimos de reincidência, quase
sempre relacionados a poucos adolescentes - justamente aqueles que sempre são
vistos em determinadas áreas, cometendo infrações.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;">Vale a pena destacar que na adolescência a descoberta do mundo e a
crença no "poder invencível da juventude" contribuem para levar
nossos jovens a praticar atos dos quais, mais tarde, maduros, irão se
arrepender. <o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;">Para estes jovens, de todas as classes sociais, autores, na
maioria das vezes, de atos de escassa gravidade, a proposta que se quer
ressuscitar consiste em marcá-los definitivamente com o estigma do processo
criminal, no lugar de orientá-los e provar que nós, adultos, somos razoáveis e
decidimos as graves questões sociais com serenidade, deixando a paixão envolver
apenas o mais belo sentimento cristão, de amor ao próximo.<o:p></o:p></span></div>
<span class="highlight1"><span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-fareast-language: ZH-CN;">GERALDO
PRADO</span></span><span style="font-family: Verdana; font-size: 8.5pt;"> é juiz titular da 2
Vara da Infância e Adolescência.</span><!--EndFragment-->Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-47849456196991557602012-04-22T15:31:00.001-03:002012-04-22T15:39:52.724-03:00O Barcelona é melhor!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNpvepZq-1scGs4odqDhKDfbkcD_VXSeWw4QPvh-jbJs12cRHwSzj5OwmKnKUWdqSJ4VNeOsRlk9FIlK-G4EbCIHNYLqhxcJAqHVojOXH-OLnNqA9HwzpqiUiNbLZT7UUcIk_VRMnWxHmE/s1600/cristiano-ronaldo-real-madrid.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNpvepZq-1scGs4odqDhKDfbkcD_VXSeWw4QPvh-jbJs12cRHwSzj5OwmKnKUWdqSJ4VNeOsRlk9FIlK-G4EbCIHNYLqhxcJAqHVojOXH-OLnNqA9HwzpqiUiNbLZT7UUcIk_VRMnWxHmE/s320/cristiano-ronaldo-real-madrid.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Ontem, 21 de abril, em pleno Camp Nou, o Real Madrid venceu o Barcelona, de Messi e Cia.<br />
Cristiano Ronaldo marcou o segundo gol dos merengues e estabeleceu novos recordes pessoais e da equipe, praticamente assegurando por antecipação o título do Campeonato Espanhol de 2012.<br />
Apesar disso, o Barcelona é melhor! Explico meu ponto de vista.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLUeLkkTUv5xsrUemygHAENXvbD5ik6R7KhHFxwMShPRhF9PtX555rUITMFK-INv01D3yHrRSNdb8H4_gT_ncSvAACpkM-s-cW3TSCcTP0D_r5javsqqUIFct_4vr1AmKl5XXJvswMjhvC/s1600/lionel-messi-wallpaper-barcelona.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLUeLkkTUv5xsrUemygHAENXvbD5ik6R7KhHFxwMShPRhF9PtX555rUITMFK-INv01D3yHrRSNdb8H4_gT_ncSvAACpkM-s-cW3TSCcTP0D_r5javsqqUIFct_4vr1AmKl5XXJvswMjhvC/s320/lionel-messi-wallpaper-barcelona.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Não acredito que as partidas de futebol - ou qualquer outra disputa desportiva - constituam a metáfora ideal da vida. Para alguns é assim, motivados pelo embate entre adversários, o clima competitivo e uma suposta meritrocracia que, ao final, parece indicar que o melhor, mais competente e bem preparado entre os adversários será, na enorme maioria das vezes, o vencedor.<br />
O recurso à metáfora do jogo ou da disputa, como queiram, é próprio da ideologia do individualismo possessivo, especialmente quando transplantada para o "mundo das coletividades", empresas, grupos e nações. Há sempre alguém <i>contra</i> alguém e o esforço do conjunto dirige-se a superação do adversário comum.<br />
A ideologia do "mercado" nutre-se dessa ordem de representação das relações sociais. A solidariedade produzida neste cenário, que se espera operar na base da atuação da "equipe", não coloca em questão o caráter fugidio, vago e transitório das vitórias ou as conseqüências mais duradouras e dolorosas das derrotas, assumidas como parte do destino normal ou natural de quem participa das contendas. "É preciso <i>saber perder</i>"!<br />
São vários os contextos em que a metáfora do jogo sustenta o discurso de escolhas mais arbitrárias do que se costuma admitir e, reconheça-se, muito influenciadas por fatores não dominados pelos participantes.<br />
Ascensões funcionais na iniciativa privada e no serviço público, em regra anunciadas como expressão do mérito superior do eleito, na maior parte do tempo escondem escolhas pautadas pela identificação com as políticas dominantes, por isso mesmo menos capazes de alterar o quadro ou impulsioná-lo com a chegada de um "valor" em tese mais qualificado. Claro que há exceções à regra e são as exceções a propaganda preferencial dos critérios de mérito.<br />
A questão que quero discutir, no entanto, é outra. Ela diz com a superação. Pessoal e do grupo.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD2HB6HOTuUAfOVT3OnNYfFV6E8SoqItwmOjPH1IP83H2HePzAwhg0Y93cz4wJTIcm8_pQaXqSjLPrVhJ1e0ZynyLJnB1T2t6bNF4dyokbDa8s-V2_b1BoO6uleW77oH5c_uGmS0u4z35d/s1600/Santos+bi+libertadores.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="188" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD2HB6HOTuUAfOVT3OnNYfFV6E8SoqItwmOjPH1IP83H2HePzAwhg0Y93cz4wJTIcm8_pQaXqSjLPrVhJ1e0ZynyLJnB1T2t6bNF4dyokbDa8s-V2_b1BoO6uleW77oH5c_uGmS0u4z35d/s320/Santos+bi+libertadores.jpg" width="320" /></a></div>
Mesmo o fantástico Santos de Pelé sofria seus reveses. Foram significativas as vitórias do Botafogo, de Nilton Santos e Garrincha, e do Cruzeiro, de Tostão e Dirceu Lopes, sobre o Peixe, com Pelé, Coutinho, Pepe e outros incríveis jogadores.<br />
Assim, também ficaram marcadas na história do futebol as vitórias do Galo (Atlético MG), de Reinaldo e Cerezo, e do Vasco da Gama, de Roberto Dinamite, sobre a vencedora equipe do Flamengo, no fim dos anos 70 e início dos 80, com Zico, Junior, Adílio, Tita e grande elenco.<br />
Em todas essas oportunidades, como neste último Barcelona <i>versus</i> Real Madrid, algo distinto da mera competitividade pode ser destacado: a ideia da superação a partir do exemplo do "melhor".<br />
O <i>melhor</i>, que pode ser o mais habilidoso, criativo, espontâneo, estimula por seu exemplo a superação pessoal dos que de algum modo estão em contato com ele, ainda que, por circunstâncias, na condição de <i>adversários</i>.<br />
Há algo de contagiante no indivíduo que se destaca por méritos que admiramos por envolverem algo distinto da força (física, econômica etc.). Determinadas qualidades que desejamos em nós mesmos e que dizem com o belo e o bom e, ainda, que não se orientam a causar mal a outras pessoas. São qualidades que proporcionam o gozo, o prazer e em lugar da destruição, da terra arrasada, que determinadas <i>vitórias </i>deixam para trás, constroem novas trilhas, apontam para caminhos até então desconhecidos, verdadeiramente inovadores.<br />
Dessa convivência, real ou virtual, com o "melhor", neste sentido, todos nos beneficiamos de alguma maneira. O "melhor" estimula em cada pessoa o que ela tem de valioso, a inspira e a leva a superar-se.<br />
O resultado prático momentâneo é secundário.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5js_RVcEpJceBno-4Cv8lb_qK0NJlakum0j53Yd7fUA3d-dHSQTSszNYNRXDhhMaqpUWcQXel8nGMY9jlC1sYdpYM9-AZ7ihbdI22TAG33fvBK7L0zFrAEpanJYya5qfo0hol81TiUcPx/s1600/Flamengo+5+x+4+Santos+2011.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5js_RVcEpJceBno-4Cv8lb_qK0NJlakum0j53Yd7fUA3d-dHSQTSszNYNRXDhhMaqpUWcQXel8nGMY9jlC1sYdpYM9-AZ7ihbdI22TAG33fvBK7L0zFrAEpanJYya5qfo0hol81TiUcPx/s320/Flamengo+5+x+4+Santos+2011.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Para ficarmos com as metáforas e ilustrações do futebol, o jogo mais emocionante de 2011 foi Santos 4 x 5 Flamengo, na Vila Belmiro, com estupendas atuações de Neymar e Ronaldinho.<br />
Não era preciso ser um <i>expert</i> em futebol para saber que o jogador rubro-negro, que reinventou o futebol em diversos momentos naquela partida, raramente repetiria a dose. O fenômeno fora provocado pela ousada e exuberante exibição do craque Neymar, que para além de também reinventar o futebol, cuidou de revogar leis da Física de todos os tempos, maravilhando os presentes e aos que assistiram ao jogo pela televisão.<br />
Fora como se Neymar provocasse em Ronaldinho o melhor deste último, incentivando-o a <i>revelar-se</i> ao público que, deslumbrado, independentemente das predileções clubísticas, devorava cada instante do espetáculo.<br />
Jogo para ver e rever milhares de vezes. E cena para não ser esquecida: ao final, a alegria de Neymar, estampada em seu rosto, convicto de ter participado de uma partida que pressentira histórica, pouco importando o resultado. Como se soubesse - ou intuísse - que fora <i>ele </i>o responsável pela apoteose estética que contagiou quem dela assistiu ou tomou conhecimento.<br />
Sem dúvida que o Real Madrid tem seus méritos. E Cristiano Ronaldo é um baita jogador, craque de verdade, disso ninguém igualmente pode duvidar. Mas se há algo, além de tudo, que o Barcelona e Messi proporcionaram foi incentivar o Real Madrid e Cristiano Ronaldo a se superarem, a fazerem melhor o que já faziam bem, a inovar, criar, buscar alternativas. A unir à eficiência o talento e a tornar belo o espetáculo do futebol.<br />
Na grande maioria das situações cotidianas o "melhor", que nos inspira e incentiva, não é nosso adversário. Com bastante freqüência ele está ao nosso lado e é a capacidade de olhar e enxergá-lo, despindo-se de preconceitos, que nos faz melhorar também.<br />
Foi o que o Barcelona fez com o Real Madrid... e por isso o Barcelona é melhor!<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/klj8CED84qU?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-24835993397509163272012-04-04T21:33:00.001-03:002012-04-04T21:36:23.987-03:00II Seminário Internacional - Alessandro Baratta: leituras de um realismo jurídico penal marginal<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><a href="http://www.inscricoes.fmb.unesp.br/principal.asp" target="_blank">http://www.inscricoes.fmb.unesp.br/principal.asp</a></b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>II Seminário Internacional - Alessandro Baratta: leituras de um realismo jurídico penal marginal</b></span><br />
<span class="fixed_width"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">PROGRAMAÇÃO</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><span class="fixed_width"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Abertura e 1ª mesa: Noite (07/05/2012) </span></span><br />
<span class="fixed_width"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">DIREITO PENAL MÍNIMO </span>Prof. Dr. Paulo César Corrêa Borges (UNESP)<br />
<span class="fixed_width"><br /></span><span class="fixed_width"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">2ª mesa: Tarde (08/05/2012) </span></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">DIREITO PENAL DO SIMBÓLICO E SEGURANÇA PÚBLICA </span>Prof. Dra. André Copetti (UNISINOS)<br />
Prof. Dra. Marisa Helena D´Arbo Alves de Freitas (UNESP)<br />
Prof. Dr. Cesar Oliveira de Barros Leal (UFC)<br />
<span class="fixed_width"><br /></span><span class="fixed_width"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">3ª mesa: noite (08/05/2012) </span></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">AMARRAS E ARESTAS DE UM DIREITO PENAL MÍNIMO NA ORDEM POLÍTICO LIBERAL </span>Prof. Dr. Antonio Alberto Machado (UNESP)<br />
Prof. Dr. Vinício Carrilho Martinez (UFRO) <br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">4ª mesa: Manhã (09/05/2012) – quarta </span>A NOVA FUNDAÇÃO DO ESTADO SEGUNDO BARATTA (ESTADO MESTIÇO)<br />
Dimitri Dimoulis (FGV)<br />
<span class="fixed_width"><br /></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">5ª mesa: Tarde (09/05/2012) </span>CIÊNCIA CRIMINAIS INTEGRAIS EM ALESSANDRO BARATTA<br />
Profa. Paula Ximena Dobles (Catédra latinoamericana de Criminología y Derechos Humanos/Costa Rica)<br />
Prof. Dr. Alamiro Velludo Salvador Netto (USP)<br />
Prof. Dr. Fernando Andrade Fernandes (UNESP)<br />
<span class="fixed_width"><br /></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">6ª mesa: Noite (09/05/2012) </span>MULTICULTURALISMO E DIREITO PENAL MÍNIMO<br />
Prof. Dr. David Sánchez Rubio (Universidade de Sevilha)<br />
Prof. Dr. Alejandro Rosillo (Universidad de San Luis Potosi/México)<br />
Prof. Dra. Alejandra Pascual (Unb)<br />
<span class="fixed_width"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">7ª mesa: Tarde (10/05/2012) </span>DIREITO PENAL E PULSÃO DE MORTE NA MODERNIDADE<br />
Prof. Dr. Salo de Carvalho (ICA)<br />
Prof. Dra. Jeanine Nicolazzi Philippi (UFSC)<br />
<span class="fixed_width"><br /></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">8ª mesa: Noite (10/05/2012) </span>CRIMINOLOGIA CRÍTICA FEMINISTA<br />
Profa. Dra. Janaina Penalva (Unb)<br />
Profa. Dra. Ela Wiecko Volkmer de Castilho (Unb) <br />
Profa. Ms. Carmen Hein de Campos (CLADEM)<br />
<br />
<span class="fixed_width"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">9ª mesa: Tarde (11/05/2012) </span></span>CRIMINOLOGIA DA LIBERTAÇÃO<br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">10ª mesa: Noite (11/05/2012) </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">REALISMO JURÍDICO PENAL MARGINAL </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Prof. Dr. Geraldo Prado (UFRJ) </span><br />
<div class="post-header" style="line-height: 1.6; margin-bottom: 1em; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<div class="post-header-line-1">
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</div>
<div class="post-body entry-content" id="post-body-8927689186335172732" itemprop="articleBody" style="line-height: 1.4; position: relative; width: 670px;">
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</div>
<span class="fixed_width"></span><br />
<div style="font-family: Courier, Monospaced;">
<span class="fixed_width"><br /></span></div>
<span class="fixed_width">
</span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-15820590834149989472012-04-01T09:09:00.001-03:002012-04-01T09:09:24.192-03:00Ainda da série "despedida" - MMFD<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc-CvFk29YFOTwah4YLt5T0fusHhvL00uwe0csLllosTrIF2VuiZYjAHdkPm9FA8SNi1-GHAmmSwpm0xgGuR3druTk4gc9xkBLZX2k6DFry0bCQyZhufogVN1HrBHN3zkc4puXprf4kwVy/s1600/Foto+MMFD+2.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="296" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc-CvFk29YFOTwah4YLt5T0fusHhvL00uwe0csLllosTrIF2VuiZYjAHdkPm9FA8SNi1-GHAmmSwpm0xgGuR3druTk4gc9xkBLZX2k6DFry0bCQyZhufogVN1HrBHN3zkc4puXprf4kwVy/s320/Foto+MMFD+2.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8vmZYhtGTC-yfSgviwF08c2cJhWULdYHqMzIO4GKB0omv1NPnl8sKfD4tZXFfxTcpMzPuO2N6DBzUKlS0cd45Hv13XCdMYQU75KzRPAN7MdyUGNS_zKdpZ7U9hSNtqjaN2kpdBMA1FDnh/s1600/Revista+MMFD.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8vmZYhtGTC-yfSgviwF08c2cJhWULdYHqMzIO4GKB0omv1NPnl8sKfD4tZXFfxTcpMzPuO2N6DBzUKlS0cd45Hv13XCdMYQU75KzRPAN7MdyUGNS_zKdpZ7U9hSNtqjaN2kpdBMA1FDnh/s320/Revista+MMFD.JPG" width="213" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Ainda da série "despedida" a foto da reunião de fundação do Movimento da Magistratura Fluminense pela Democracia - MMFD - em 2003. Não estão na foto, mas participaram do MMFD, desde o início, com destaque, Sergio Verani, Siro Darlan, Nagib Slaib Filho, Maria Lúcia Karam, Maria Cristina Gutiérrez, André Nicolitt, André e Márcia Tredinnick, Cristiana Cordeiro, Wanderley Rego, Paulo Baldez e Rogério Oliveira. Outros companheiros, posteriormente, vieram a integrar o grupo, enquanto alguns seguiram outros caminhos.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Criado para atuar internamente, no Poder Judiciário Fluminense, produzindo tensão pela radicalização das práticas democráticas, o MMFD proporcionou - e ainda proporciona - muitas histórias bem interessantes, que dão a medida das dificuldades do avanço nessa direção.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Bem antes da promulgação da Emenda Constitucional que proibiu o nepotismo, o MMFD apresentou ao então presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Miguel Pachá, proposta de resolução que o proibia no âmbito do Judiciário fluminense.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Levada a questão ao Órgão Especial do TJ deu-se uma cena no mínimo cômica, com um dos Desembargadores do colegiado, visivelmente irritado, querendo saber "quem era" (sic!) esse tal de MMFD! Parecia música da Rita Lee! Na hora, da platéia, pensei em dizer que era uma entidade... espiritual, que nascera para atazanar a vida dos adeptos de toda sorte de autoritarismo, mas deixei passar. O tempo se encarregaria de mostrar a que viera o movimento.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
É isso!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-40900837497310422692012-03-29T21:50:00.001-03:002012-03-29T21:50:52.625-03:00"Sei que não vou por aí"<br />
<div align="center" style="background-color: white;">
<span style="color: #ba231b; font-family: Arial; font-size: medium;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-wpqikXlIpxta35SmwRNqtpcXmEhO4zEHyuUY9LNe-zg4ije4ZUzPG-qaZsp_C8tQI2kjEMrrOYUyMBBervHCBim24aT2MxOV5J7ZjOHbroVchpQa5Cr1MuOC1bAuPDQ3gpWlnqKLzEh_/s1600/Jose%CC%81+Re%CC%81gio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-wpqikXlIpxta35SmwRNqtpcXmEhO4zEHyuUY9LNe-zg4ije4ZUzPG-qaZsp_C8tQI2kjEMrrOYUyMBBervHCBim24aT2MxOV5J7ZjOHbroVchpQa5Cr1MuOC1bAuPDQ3gpWlnqKLzEh_/s1600/Jose%CC%81+Re%CC%81gio.jpg" /></a></div>
<div align="center" style="background-color: white;">
<span style="color: #ba231b; font-family: Arial; font-size: medium;"><br /></span></div>
<div align="center" style="background-color: white;">
<span style="color: #ba231b; font-family: Arial; font-size: medium;"><br /></span></div>
<div align="center" style="background-color: white;">
<span style="color: #ba231b; font-family: Arial; font-size: medium;"><br /></span></div>
<div align="center" style="background-color: white;">
<span style="color: #ba231b; font-family: Arial; font-size: medium;">Cântico negro</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Verdana; font-size: x-small;"></span><div align="right" style="background-color: white;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"></span><b><span style="font-family: Arial; font-size: small;">José Régio</span></b><span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"></span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Verdana; font-size: x-small;"><br />"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces<br />Estendendo-me os braços, e seguros<br />De que seria bom que eu os ouvisse<br />Quando me dizem: "vem por aqui!"<br />Eu olho-os com olhos lassos,<br />(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)<br />E cruzo os braços,<br />E nunca vou por ali...<br />A minha glória é esta:<br />Criar desumanidades!<br />Não acompanhar ninguém.<br />— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade<br />Com que rasguei o ventre à minha mãe<br />Não, não vou por aí! Só vou por onde<br />Me levam meus próprios passos...<br />Se ao que busco saber nenhum de vós responde<br />Por que me repetis: "vem por aqui!"?<br />
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,<br />Redemoinhar aos ventos,<br />Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,<br />A ir por aí...<br />Se vim ao mundo, foi<br />Só para desflorar florestas virgens,<br />E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!<br />O mais que faço não vale nada.<br />
Como, pois, sereis vós<br />Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem<br />Para eu derrubar os meus obstáculos?...<br />Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,<br />E vós amais o que é fácil!<br />Eu amo o Longe e a Miragem,<br />Amo os abismos, as torrentes, os desertos...<br />
Ide! Tendes estradas,<br />Tendes jardins, tendes canteiros,<br />Tendes pátria, tendes tetos,<br />E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...<br />Eu tenho a minha Loucura !<br />Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,<br />E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...<br />Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!<br />Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;<br />Mas eu, que nunca principio nem acabo,<br />Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.<br />
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,<br />Ninguém me peça definições!<br />Ninguém me diga: "vem por aqui"!<br />A minha vida é um vendaval que se soltou,<br />É uma onda que se alevantou,<br />É um átomo a mais que se animou...<br />Não sei por onde vou,<br />Não sei para onde vou<br />Sei que não vou por aí!</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-28539129409451289112012-03-20T22:34:00.000-03:002012-03-20T22:34:40.740-03:00Pátria é o acaso de migrações<br />
<h3 style="background-color: white; font-family: Tahoma, Geneva, Kalimati, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 10px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: left;">
<span style="font-weight: normal;">Em um intervalo de poucos dias sete vítimas do extremismo na região de Toulouse, na França, um jovem brasileiro morto, na Austrália, dizem as autoridades locais por causa de um pacote de biscoitos, portas fechadas a migrantes de origem cigana, haitianos, africanos, tudo isso revela a dramática fragilidade de um conceito de humanidade que a rigor não devia distinguir pessoas e separá-las pela origem ou de qualquer outra forma! Afinal, como escreveu Mário de Andrade, "Pátria é o acaso de migrações".</span></h3>
<div>
<span style="font-weight: normal;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-weight: normal;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-weight: normal;"><br /></span></div>
<h3 style="background-color: white; font-family: Tahoma, Geneva, Kalimati, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 10px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: left;">
<strong style="background-color: #e8edf2; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 1.4; text-align: -webkit-auto;">O POETA COME AMENDOIM</strong></h3>
<h3 style="background-color: white; font-family: Tahoma, Geneva, Kalimati, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 10px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: left;">
<div class="date-posts" style="background-color: #e8edf2; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19px; text-align: -webkit-auto;">
<div class="post-outer">
<div class="post hentry" style="min-height: 0px; position: relative;">
<div class="post-body entry-content" id="post-body-7581303302135409895" style="line-height: 1.4; position: relative; width: 670px;">
<div align="justify">
<span style="font-weight: normal;">(Mário de Andrade)</span><br /><span style="color: white; font-weight: normal;">*</span><br /><span style="font-weight: normal;">Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Foi o sol que por todo o sítio do Brasil</span><br /><span style="font-weight: normal;">Andou marcando de moreno os brasileiros.</span><br /><span style="font-weight: normal;">Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...</span><br /><span style="font-weight: normal;">A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Silêncio! O imperador medita os seus versinhos.</span><br /><span style="font-weight: normal;">Os Caramurus conspiram à sombra das mangueiras ovais.</span><br /><span style="font-weight: normal;">Só o murmurejo dos cre'm-deus-padre irmanava os homens de meu país...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha mais escravos,</span><br /><span style="font-weight: normal;">Por causa disso muita virgem-do-rosário se perdeu...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta República temporã.</span><br /><span style="font-weight: normal;">A gente inda não sabia se governar...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Progredir, progredimos um tiquinho</span><br /><span style="font-weight: normal;">Que o progresso também é uma fatalidade...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Será o que Nosso Senhor quiser!...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Estou com desejos de desastres...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Com desejo do Amazonas e dos ventos muriçocas</span><br /><span style="font-weight: normal;">Se encostando na canjerana dos batentes...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Tenho desejos de violas e solidões sem sentido...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Tenho desejos de gemer e de morrer...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Brasil...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Mastigando na gostosura quente do amendoim...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Falado numa língua curumim</span><br /><span style="font-weight: normal;">De palavras incertas num remelexo melado melancólico...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Molham meus beiços que dão beijos alastrados</span><br /><span style="font-weight: normal;">E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...</span><br /><span style="font-weight: normal;">Brasil amado não porque sejam minha pátria,</span><br /><i>Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...</i><br /><span style="font-weight: normal;">Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço aventuroso,</span><br /><span style="font-weight: normal;">O gosto dos meus descansos,</span><br /><span style="font-weight: normal;">O balanço das minhas cantigas amores e danças.</span><br /><span style="font-weight: normal;">Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,</span><br /><span style="font-weight: normal;">Porque é o meu sentimento pachorrento,Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.</span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</h3>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-22470891987341073892012-02-13T15:48:00.001-02:002012-02-13T15:48:30.611-02:00Palestra em Coimbra: janeiro de 2010<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-73127383523710168222012-01-19T18:27:00.001-02:002012-01-20T06:54:06.674-02:00Aos formandos em Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2e-QVYk5k_0_KU3pd92r0WuNNivXrCZ05SmQ3Ip0wDQQBOYMl7d9eRQoM1Pl3tgxQE_BOPl3C9TWXc1AN9F86U5DniyUob1ccZQOQeiRy7gI061ESFe3gNiAA7fgLl8SM8OrvJDzko1yz/s1600/Formatura+2012+1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2e-QVYk5k_0_KU3pd92r0WuNNivXrCZ05SmQ3Ip0wDQQBOYMl7d9eRQoM1Pl3tgxQE_BOPl3C9TWXc1AN9F86U5DniyUob1ccZQOQeiRy7gI061ESFe3gNiAA7fgLl8SM8OrvJDzko1yz/s320/Formatura+2012+1.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Caros afilhados: Steve Jobs, em seu conhecido discurso aos formandos de Stanford, buscou em sua vitoriosa trajetória iluminar alguns marcos representativos da experiência de vida comum aos que encerram um ciclo importante e simultaneamente se preparam para dar os primeiros passos em uma estrada desconhecida e em alguma medida assustadora, mas também repleta de desafios.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">À perplexidade dos que completam a graduação e se despedem do conforto da Universidade, ainda sem saber se de fato estão prontos para encarar as adversidades da vida profissional, o criador da Apple ofereceu seu próprio exemplo... alguém que consumira a poupança paterna em um curso universitário pouco ou nada inspirador, abandonado logo no primeiro semestre.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Jobs, no entanto, fez ver que aquilo que pode ser a fonte de nossas preocupações e problemas pode por igual ser transformado em força criadora, libertadora, em motivação, e ser capaz de constituir a nossa identidade de forma positiva. A liberdade conquistada pelo "abandono do curso" foi usufruída no próprio ambiente universitário, em atividades acadêmicas interessantes para o então ex-aluno, conjunto de práticas que anos depois serviriam ao propósito de criar programas de computador admirados por todo mundo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não era nisso, porém, que Jobs pensava ao fazer a escolha, sempre no limite, entre seguir o currículo formal da universidade ou seguir sua própria intuição. Ele simplesmente procurou o que o sensibilizava e mergulhou fundo nisso, sem indagar previamente acerca do resultado de seu esforço.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É compreensível que o gênio dele não cedesse à tentação de se supor apto a definir rigidamente o próprio futuro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A ninguém é dado conhecer por antecipação - e controlar - os fatos do seu destino! O receio maior dos formandos vem daí: a impossibilidade de saber se estão ou não fazendo boas escolhas. Se serão ou não felizes nas carreiras jurídicas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Somente o olhar retrospectivo, às vezes décadas depois, nos habilita a julgar os acertos e erros implícitos em nossas eleições, mas a lição do discurso aos formandos de Stanford está em que se deve buscar aquilo em que se acredita, empenhar-se duramente em fazer o melhor e, na maior medida possível, encontrar prazer nisso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Claro... à maioria da população nega-se o direito de frequentar uma escola de alto nível - como Stanford ou a UFRJ. São poucos, especialmente entre nós, os que estão em condições de cursar uma "Faculdade Nacional de Direito", e menos ainda aqueles que, tendo optado por isso, conseguem completar o curso desviando-se de algumas aulas extremamente enfadonhas, como as de Processo Penal, para dedicar-se ao que lhes toca e anima!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Trata-se, evidentemente, de uma elite e se há algo que salta aos olhos na "fala empreendedora" de Steve Jobs é que, de alguma maneira, ele se dirige a poucos e não a muitos, menos ainda a todos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Claro que isso não diminui o brilho da lição. Fica-se, no entanto, com a certeza de que um mundo repleto de pessoas que escolhem o melhor para si próprias necessariamente não será um mundo melhor para todos!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Outro professor e outra lição. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Zigmunt Bauman, falando dos episódios dramáticos de 2011, na periferia de Londres, envolvendo jovens desempregados e desiludidos, consumidores frustrados cansados da exclusão, que manifestaram sua revolta de forma difusa, incendiando lojas, destruindo carros, roubando roupas e calçados de marca, sublinha que há hoje uma geração que sequer se pergunta sobre o futuro, que não tem mais certeza de estar empregada após a conclusão do curso superior. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Aliás, trata-se de uma geração que não tem mais certeza de nada, que teve o seu presente hipotecado por pais e avós que ignoraram os limites éticos e exauriram as riquezas e energias deste planeta em busca de lucro e conforto desigualmente distribuídos, como se não houvesse futuro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">São pessoas que vivem em um mundo em que Poder e Política divorciaram-se. A possibilidade de se fazer algo - o Poder - não encontra na Política o gerenciamento das forças produtivas em benefício da comunidade. Mesmo a ideia de comunidade está sacrificada no altar do individualismo possessivo. Celebra-se isso e o exemplo maior reside em as pessoas serem "celebridades", cuja vida "privada" a todos pertence, como se habitássemos um permanente <i>reality show.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Para Bauman, sem querer investir-se em dotes de adivinhação, a desesperança e o medo podem ser superados pela recuperação da dimensão política da vida social e pelo sentido de comunidade planetária, compartilhando benefícios, esforços e sofrimento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Desde 2004 a Faculdade Nacional de Direito busca formar seus estudantes, professores e técnicos a partir deste ideal, pautando o curso jurídico na produção democrática do conhecimento, para a qual todos os agentes do processo educacional contribuem e em virtude do que todos devem ser respeitados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não deve haver uma hierarquia no âmbito acadêmico, em termos de produção de conhecimento, porque o saber desconhece limites formais, como destacou Jobs. Há de existir sim uma comunidade de conhecimento, cuja ação prestigia, claro, as singularidades e reconhece o valor de cada um, mas também se orienta à constituição de um corpo de profissionais que com o empenho próprio estarão em condições de alcançar a felicidade pessoal, sem descurar que essa é impossível se não puder contribuir para melhorar a vida de todos, especialmente dos que não puderam beneficiar-se do privilégio de estudar em uma universidade pública de ponta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Encerro minha longa fala lembrando Eduardo Galeano e um ditado, que segundo ele, tem origem africana:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Nós não herdamos a terra de nossos pais, mas a pegamos de empréstimo de nossos filhos. Cabe, pois, devolvê-la melhor." </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 16px;">Tenho certeza de que vocês encontrarão a realização pessoal e profissional nas carreiras jurídicas e acredito que assim também saberão devolver "uma terra melhor" aos que confiaram em sua formação em uma universidade pública, na UFRJ e na FND.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 16px;">Parabéns!</span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-60871600358021875792012-01-12T22:22:00.000-02:002012-01-12T22:22:37.808-02:00Livro de leitura obrigatória<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjnzzewZCWgonyId2IMIlepEoDBU_PsTCaKrEEGd5GalzFd530AEhWH-GiAxxbkIPgqLObwWdLi4qeeTiWI5rbamrKZUvpZw-VKFTOK5Epni2I3HQWwBjnROkhov8m1HQDU7C3mbDtvMYH/s1600/apresentac%25CC%25A7a%25CC%2583o+livro+carolina+franco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="393" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjnzzewZCWgonyId2IMIlepEoDBU_PsTCaKrEEGd5GalzFd530AEhWH-GiAxxbkIPgqLObwWdLi4qeeTiWI5rbamrKZUvpZw-VKFTOK5Epni2I3HQWwBjnROkhov8m1HQDU7C3mbDtvMYH/s400/apresentac%25CC%25A7a%25CC%2583o+livro+carolina+franco.jpg" width="400" /></a></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-14917011818602483242012-01-08T23:05:00.000-02:002012-01-08T23:05:02.228-02:00A ordem criminosa do mundo por Galeano, Ziegler e outros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-39330672267336476262011-12-30T17:45:00.001-02:002011-12-30T17:45:13.266-02:00Discurso de Nilo Batista de agradecimento pela medalha Teixeira de Freitas - Instituto dos Advogados Brasileiros - Parte Final<!--[if gte mso 9]><xml>
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<!--StartFragment-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyh7XLsN5jU5epxh9qzPvgVhQ9f788YBdZUB-rs0U_tt6w9ejffiS5Hxs3mcubyYKTaZnPRgoizaUhzgNJPIhtVFxHmBkW2MBPUrw4qDbjQHWODcDRHb0_9GH20jTQ5unl87WHCu7qi0Si/s1600/Nilo+Batista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyh7XLsN5jU5epxh9qzPvgVhQ9f788YBdZUB-rs0U_tt6w9ejffiS5Hxs3mcubyYKTaZnPRgoizaUhzgNJPIhtVFxHmBkW2MBPUrw4qDbjQHWODcDRHb0_9GH20jTQ5unl87WHCu7qi0Si/s320/Nilo+Batista.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;">Discurso de
agradecimento pela medalha Teixeira de Freitas,<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;">concedida
pelo Instituto dos Advogados Brasileiros<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;">em 14 de dezembro
de 2011<o:p></o:p></span></b></div>
<!--EndFragment--><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: 13.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ao advogado Nilo
Batista</span></b><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><o:p><br /></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><o:p><br /></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">VI<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Quero
rapidamente – tentando efetivar a promessa do discurso breve – pedir a atenção
de meus Colegas para a cultura punitiva na qual estamos imersos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> A
pena se converteu numa espécie de emplastro Braz Cubas para todas as mazelas
nacionais; não há um só problema, um só conflito ao qual o Congresso Nacional
não queira responder com o emplastro da criminalização primária (ou, quando ela
já exista, com um aumento na escala penal ou um endurecimento no regime
penitenciário). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Aquilo
que jamais é enunciado, que permanece como um saber meio herético e meio
insurgente, é o fracasso exaustivamente comprovado da pena cominada como
modelador da conduta humana e da pena executada como instrumento das utopias
ressocializadoras. No campo das ciências sociais o behaviorismo está
desacreditado, e muitos autores, como Skinner, duvidavam da eficácia motivadora
do castigo; correlatamente, em todas as ocasiões nas quais efeitos preventivos
da pena puderam ser objeto de pesquisa
empírica, não foram comprovados. A reincidência penitenciária, cujas oscilações
históricas nunca se afastam muito dos 70%, é a melhor demonstração de que a
verdadeira obra da sociabilidade carcerária reside na reprodução da identidade
infratora. Se impusermos coercitivamente a uma centena de infratores qualquer
espécie de restrição de direitos que não envolva privação de liberdade, não
sabemos quantos reincidirão; mas se os lançarmos numa penitenciária, sabemos
que cerca de setenta reincidirão. Pois apesar dessas constatações, o Congresso
Nacional e a mídia (talvez a ordem mais correta fosse a mídia e o Congresso
Nacional), secundados por muitos operadores do sistema penal, seguem
acreditando que o homem pode ser comportamentalmente manipulado, como o
cachorro de Pavlov, e que a penitenciária é um lugar de reconstruir vidas (a
despeito de que, em nosso continente, todo preso tenha dez vezes mais
possibilidades de matar-se ou de ser morto do que nós). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> A
responsabilidade da mídia para com este quadro é evidente, e por mais bisonhos
ou estúpidos que sejam os editoriais acerca do tema, o valor democrático da
liberdade de imprensa torna-os intangíveis. Quanto ao noticiário sobre casos
criminais, investigações ou processos, em minha opinião a coisa muda de figura.
Existem, em países democráticos, muitos modelos restritivos nos quais
poderíamos nos inspirar no momento de proceder à regulação deste setor. Muitos
tribunais, a começar pela Suprema Corte estadounidense, e inúmeros estudiosos
já perceberam os riscos do chamado <i>trial
by the media</i>. Estamos aqui no campo de conflito entre o princípio da
liberdade de informação e vários outros princípios, situados entre a presunção
de inocência e o direito a um julgamento justo. Afirmo desta veneranda tribuna
que a licenciosidade informativa, no circo dos “furos” da reportagem policial,
na exposição de suspeitos ou acusados, na dignificação dos explicáveis
sentimentos de vingança da vítima ou de seus familiares e em tantas outras
frentes implica uma perda de qualidade na prestação jurisdicional e resulta
frequentemente num linchamento virtual irreversível, mesmo quando sobrevenha
uma absolvição. Será isto compatível com um Estado de direito cuja Constituição
se comprometeu com a “dignidade da pessoa humana”, e declarou invioláveis “a
honra e a imagem das pessoas” (arts. 1º, inc. III e 5º, inc. X)?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> A
cultura punitiva tem seu mais importante núcleo reprodutor na academia,
refletindo-se diretamente na teorização jurídica e dela recebendo – na voz
frequentemente leviana de certos “especialistas” – oportuna retroalimentação.
Para ficar num exemplo, pensemos em duas concepções de delito que sempre se antagonizaram:
para uma, sua essência estaria na desobediência (na violação da norma); para
outra, na ofensa produzida (no dano ou no perigo concretamente realizados). Há
uma relação histórica incontestável entre a primeira concepção e o Estado de
polícia; não por coincidência, o direito penal nazista identificou-se e foi
identificado como direito penal da vontade, e seus penalistas entreviam em cada
conduta típica exercida uma espécie de traição ao Estado. Está hoje, entre nós,
disseminada concepção similar, senão em suas premissas teóricas – que o pudor
pode silenciar – certamente nas consequências (criminalização de atos preparatórios,
crimes de perigo abstrato, formatação de delitos-obstáculo, rejeição da
insignificância, punibilidade omissiva do descumprimento de deveres inúteis
etc). Valha-nos como exemplo o parágrafo único do artigo 304 do Código de
Trânsito Brasileiro, que para vergonha do penalismo nacional, apregoa praticar
omissão de socorro o motorista que “deixar de prestar imediato socorro à vítima
(...) ainda que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos
leves” – dois casos, por certo, nos quais se impõe ao sujeito um dever inútil. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Não
me deterei sobre a metástase da indústria cultural do crime, sobre esses
enlatados que expõem a brutalidade da convivência carcerária, a frieza de justiceiros
travestidos de policiais e até mesmo de juízes e, claro, a crueldade patológica
de delinquentes cuja morte desperta no espectador uma estranha catarse, que a
Profa. Verinha Malaguti Batista caracterizou como “adesão subjetiva à
barbárie”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Também
não me deterei sobre a criminalização da vida pública, tão útil para consumar o
exílio do debate político, e tão representativa da centralidade que a questão
criminal indevidamente adquiriu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Até
onde o Estado de direito suportará esta centralidade? Até quando o Estado de
direito conviverá com os deprimentes espetáculos punitivos que parecem dispor
de bem equipadas centrais de produção? Outro dia, alguém no Rio selecionou
quarenta mandados de prisão de quarenta processos completamente diferentes, com
protagonistas e circunstâncias radicalmente distintas, para comemorar uma data
relativa à violência doméstica com a exibição inconstitucional e ilegal de
suspeitos, acusados ou condenados. E, há duas semanas atrás, em São Paulo, a
Prefeitura e a Polícia Militar se conveniaram para enfrentar ... a gazeta
escolar. Sim, isso mesmo, a Polícia vai correr atrás dos estudantes que estão
“matando aula”: será que foi esta expressão, matar aula, que levou a prefeitura
a reeditar no primeiro grau o que a administração do Estado já fizera na USP? O
que falar de mulheres dando à luz algemadas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Nesses
tempos sombrios, é como se a pena se transformasse numa divindade, tal a crença
em suas propriedades preventivas e expiatórias. Mas, queridos Colegas, olhemos
para a história: sempre que um sistema penal se articulou em torno de uma
divindade sua destrutividade foi incrementada, como na Inquisição. Por outro
lado, sempre que a multidão pediu mais pena, mais e maiores condenações, mais
sofrimento punitivo, a irracionalidade dominara: foi assim no nazismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> O
que nos espera? O cenário internacional é tenebroso, e caberia pensar,
recorrendo a uma categoria política fora de moda, no advento de um imperialismo
punitivo, que sob o lema – de cariz policial – da “proteção” é capaz de depor e
matar, com ou sem figura de juízo, Chefes de Estado não alinhados, ou mesmo de
cometer e comemorar um homicídio a sangue frio, e nem falemos de Guantánamo e
do emprego autorizado da tortura. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> O
que nos espera aqui? Até onde o Estado de polícia chegará em sua ascensão
constante, já sedimentada num fascismo social cujas marcas estão por toda
parte? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">VII<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Na
pessoa de um advogado criminal, o Instituto dos Advogados Brasileiros quis este
ano homenagear a advocacia criminal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Compartilho
com todos os criminalistas brasileiros, dos Colegas aqui presentes aos mais
distantes, empenhados todos na mesma luta de preservar o Estado de direito, a
medalha recebida. Essa luta, dispersa e capilarizada, é agora mais importante
do que nunca. Pouco importa se hoje somos olhados com preconceito e
incompreensão. A história, que decanta e ilumina os acontecimentos, reservará
para esses lutadores anônimos respeito e gratidão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Senhor
Presidente, exímio criminalista, filho e pai de criminalistas, muito obrigado.
Aos distinguidos Advogados que integram o Conselho Superior, muito obrigado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Os
criminalistas procuraremos ser dignos da Medalha Teixeira de Freitas que hoje
recebemos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Muito
obrigado.<o:p></o:p></span></div>
<!--EndFragment-->Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-84618115764659184312011-12-30T10:28:00.000-02:002011-12-30T10:28:35.601-02:00Discurso de Nilo Batista em agradecimento pela medalha Teixeira de Freitas - Instituto dos Advogados Brasileiros - Parte II<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;">Discurso de
agradecimento pela medalha Teixeira de Freitas,<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;">concedida
pelo Instituto dos Advogados Brasileiros<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;">em 14 de dezembro
de 2011<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;">ao advogado
Nilo Batista</span></b><span style="font-size: 13.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">III<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> O
olhar acima remetido ao sistema penal de hoje poderia ser acoimado de
corporativista, já que lançado da janela da advocacia criminal. Experimentemos,
portanto, outra angulação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Em
1988, tínhamos uma população carcerária em torno de 100.000 internos. Naquele
ano, a Assembléia Nacional Constituinte promulgou a Constituição, declinando
como primeiro objetivo fundamental da República “<i>construir uma sociedade livre, justa e solidária</i>” (art. 3º, inc. I
CR). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> De
lá para cá, vinte e três anos se passaram, e é razoável supor que as autoridades
constituídas tenham trabalhado intensamente na construção dessa “<i>sociedade livre</i>”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Temos
hoje aproximadamente 500.000 internos e 700.000 pessoas sob controle de
agências do sistema penal (suspensões condicionais do processo ou da pena,
livramento condicional, penas restritivas de direitos etc), totalizando
1.200.000 brasileiros criminalizados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Ou
seja, para construir uma “<i>sociedade livre</i>”
prendemos – seja com as grades da penitenciária, seja com a tornozeleira
eletrônica, seja com a supervisão periódica de uma agência do sistema penal –
prendemos doze vezes mais gente do que encontráramos por ocasião do marco zero
da redemocratização. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Para
quem acredita que a privação de liberdade ressocializa, talvez não pareça
estranho construir uma “<i>sociedade livre</i>”
prendendo massivamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Contornemos
a prudente distância as interpretações deste inchaço no encarceramento
produzido após a chamada “Constituição cidadã”, especialmente aquelas
interpretações que remetem à transição do capitalismo industrial para o
capitalismo transnacional vídeo-financeiro, às transformações macroeconômicas
pelas quais já passamos e, tudo indica, ainda estamos passando. Todos temos
nossas interpretações, divergentes e por vezes antagônicas: a minha é bastante
conhecida, e nem tive muito como ser discreto a seu respeito. Contudo, não
precisamos de interpretações quando há unanimidade acerca do fato escandaloso
de estarmos vivendo o maior encarceramento de nossa história. Compartilhamos
essa vergonha, e podemos perfeitamente dispensar-nos de divergir sobre suas
origens, já que estamos de acordo quanto a sua presença.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">IV<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> A
chamada militarização da segurança pública constitui um sintoma muito
preocupante. O envolvimento das Forças Armadas em tarefas policiais é algo
corrosivo para os rígidos padrões da organização militar e simultaneamente
dinamizador de abusos e violências para a instituição policial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Forças
Armadas bem adestradas e equipadas constituem o pressuposto essencial de nossa
soberania. Destinou-as a Constituição “à defesa da Pátria e à garantia dos
poderes constitucionais”; seu emprego supletivo, por iniciativa dos poderes da
República, na manutenção “da lei e da ordem” (art. 142 CR) deveria
restringir-se às hipóteses de Estado de Defesa e Estado de Sítio. Aliás, apenas
lei complementar poderia dispor sobre o emprego das Forças Armadas (art. 142, §
1º CR), e nunca um mero decreto ou mesmo uma lei ordinária. Vulgarizou-se
todavia a participação militar em conflitos civis criminalizados. Conheci de
perto o início dessa vulgarização, sobre o qual pretendo um dia discorrer. O
que ora desejo ressaltar é que existiu um projeto, oriundo do hemisfério norte,
de converter as Forças Armadas latinoamericanas em milícias lançadas ao
retumbante fracasso da chamada guerra contra as drogas, e que tal projeto –
intencionalmente ou não – resulta numa deterioração dos contingentes assim
empregados (policização). Quem tiver alguma dúvida, olhe para a experiência do
México. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> A
aproximação entre o poder militar e o poder punitivo tem efeitos desastrosos
para o Estado de direito. As Forças Armadas são para a guerra assim como a
instituição policial é para a lei. O militar é adestrado para o inimigo, o
policial para o cidadão. A guerra se resolve pela força, a criminalização pelo
direito. Na estrutura militar, a obediência integra a legalidade; na estrutura
policial, a legalidade é condição prévia da obediência. Não estamos diante de
adestramentos similares ou assimiláveis; pelo contrário, são eles bem
distintos, e dirigidos a situações também muito distintas. Olhem para o século
XX, o século dos genocídios: perto de cada um deles há sempre uma polícia
completamente militarizada ou Forças Armadas exercendo funções policiais. As
fotos dos choques-de-ordem nazistas não serão suficientemente didáticas? O
sistema de responsabilização é também radicalmente diferente. Não há ordens
vinculantes para o policial, adstrito a aferir a legalidade de todas e de cada
uma delas antes de executá-las; num teatro de guerra, tal rotina desaguaria em
cômica derrota. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Entre
os paradoxos dos tempos sombrios que vivemos está o fato de ter tocado aos
governos civis posteriores à Constituição a militarização da segurança pública.
Sim, com exceção do subsistema penal DOPS-DOI/CODI, que se ocupava estritamente
dos então chamados crimes contra a segurança nacional, não passou pela cabeça
de nenhum general alçado à Presidência da República expandir competências
militares na direção da segurança pública. Talvez latejassem em suas
consciências as enérgicas palavras com as quais o Marechal Deodoro da Fonseca,
em 1887, na condição de presidente do Clube Militar, pleiteou da Princesa
Isabel, no exercício da Regência, que o Exército não fosse empregado naquilo
que chamou de “papel menos decoroso e menos digno”, referindo-se à captura de
escravos foragidos. Nossas Forças Armadas não podem converter-se numa espécie
de capitão-do-mato dos quilombos urbanos que o neoliberalismo agigantou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Para
encerrar o rol dos paradoxos, miremos este estranho personagem glorificado pela
mídia e aplaudido em cena aberta, o intimorato Capitão Nascimento. Trata-se,
sem dúvida, de um torturador; um assumido e convicto torturador. Como
compreender que durante a ditadura o torturador fosse olhado – e assim continua
a ser olhado hoje – como um vilão, como uma criatura degradada e repulsiva, e
hoje um torturador seja uma espécie de herói nacional?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;">V<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Voltemos
nossos olhos para os juízes. Eu gostaria de poder, como Calamandrei, elogiá-los
a todos, inclusive ao que dormita durante a sustentação (e não seria difícil
ressaltar-lhe a elevação espiritual, que troca o mesquinho debate sobre
interesses terrenos pela transcendência dos sonhos). Temo, contudo, que esses
tempos sombrios tenham produzido uma nova espécie de juiz que talvez nem
Calamandrei conseguisse elogiar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> A
construção da <i>persona</i> judicial no
ocidente constitui um longo e inconcluso percurso. Muitos traços de
estereótipos judiciais históricos subsistem na cultura forense, e às vezes
irrompem, quais fantasmas, nas salas de audiência republicanas. Aquele <i>iudex perfectus</i> que o direito canônico
desenhou, espelho decaído do Julgador Onipotente, dispensado de toda
fundamentação pela fiança de suas virtudes, não se deixa entrever por vezes em
algum magistrado nosso contemporâneo, apesar dos séculos que os separam? Qual
advogado, numa carreira longa, jamais esbarrou no <i>iudex solutus</i>, naquele juiz delegado da jurisdição real
absolutista, e por isso mesmo tão arbitrariamente soberano em suas decisões,
tão desvinculado da lei quanto o próprio monarca <i>legibus solutus</i>? E o inquisidor, aquele juiz que participou
ativamente das investigações e até mesmo da formatação da acusação, e cujo ódio
ao herege ou à bruxa turva-lhe a visão ao ponto de não perceber que em todos os
casos ele está na verdade julgando a si mesmo? Entre as hipertensões que foram
bater à CAARJ, quantas não se originaram do juiz positivista, do juiz <i>bouche de la loi</i>, que no marco da
Exegese pretende resolver conflitos sociais valendo-se da gramática? E, na
volta do pêndulo, com o juiz do direito livre, este nefelibata cordial que
pretende transformar o mundo com sentenças reformadas, quantos hipertensos a
mais na porta da CAARJ? Encontraríamos muitas outras máscaras, como o asséptico
juiz “puro” kelseniano, a mesa mais impecável e organizada do foro, ou o juiz
neokantista em cujo gabinete as cortinas estão sempre fechadas para impedir a
visão da realidade. Nem há como evocar todos esses estereótipos aqui, nem muito
menos como reduzi-los aos personagens dworkianos dos juizes Hércules e Hermes,
com suas peculiares visões acerca da significação e do raio de alcance jurídico
do material legislativo a partir do qual intervém a judicatura. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> Penso
ser possível, nesses tempos sombrios, uma nova tipologia que, pelo menos no
âmbito da justiça criminal, pode ser instaurada, com todos os riscos de algum
maniqueísmo, em duas figuras. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> De
um lado, teríamos o juiz Salomão. Fui buscar o nome exatamente no filho de Davi
e Bate-Sebá, porque ao investir-se na ampla jurisdição real ele não pediu ao
Senhor nem poder nem força, mas sabedoria e prudência para “guardar os
estatutos” e ainda um “coração compreensivo para julgar”; e também porque o
Senhor rejubilou-se por não ter ele pedido a morte dos inimigos, e aconselhou-o
não só a castigar a culpa mas também a justificar o inocente. Na sentença das
duas prostitutas que disputavam a criança, para além do emprego indiciário do
amor materno está a falta de qualquer olhar punitivo sobre a infeliz que, tendo
perdido acidental e tragicamente, quando dormiu sobre ele, o próprio filho,
procura insensatamente remediar a dor que a consome ressuscitando-o num bebê
alheio. Ao contrário dos âncoras da TV que rancorosamente noticiam as não raras
repetições dessa tragédia, o sábio juiz Salomão não quis castigar alguém já tão
castigada: ou os sistemas penais porventura lograram inventar alguma pena mais
cruel do que a perda de um filho? O juiz Salomão é hoje o guardião inexpugnável
das garantias do acusado: ele “guarda os estatutos”. Sua principal e
insubstituível tarefa é impedir o exercício inconstitucional, ilegal ou
irracional do poder punitivo. O juiz Salomão conhece os riscos da exposição
pública dos casos, e não só se protege a si mesmo deles como opõe-se ao
esquartejamento moral do suspeito ou do acusado, este esquartejamento virtual que
viria a substituir, em nossos tempos, o esquartejamento corporal dos convictos
por lesa-majestade. O juiz Salomão se consideraria indigno das garantias que a
Constituição lhe outorgou se, a partir delas, não construísse uma cabal
independência do poder econômico, do poder político – inclusive do poder
punitivo – e do poder ilegítimo da mídia. É a firmeza do juiz Salomão que
impede a ascensão do Estado de polícia, que sempre avança através do sistema
penal, das opressões punitivas. Discreto, preparado, de “coração compreensivo”
– e pois compassivo com os infortúnios, os vícios, os sofrimentos e as
desgraças que constituem a matéria da jurisdição criminal – o juiz Salomão é um
pilar frontal do Estado de direito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"> De
outro lado, porém, temos a emergência de outra figura de juiz. Este juiz não se
identifica com a função de tutelar as garantias constitucionais e legais do
suspeito ou do acusado, mas ao contrário crê que sua função é debilitá-las ao
máximo para favorecer a criminalização secundária. Para ele, as garantias
constitucionais de que dispõe ornamentam sua autoridade pessoal. Ele acredita
na pena e no discurso comprovadamente falso das teorias legitimantes da pena.
Frequentemente cristão, esqueceu-se de que Cristo foi condenado e executado por
um magistrado bem expedito, cuja rapidez no julgamento e na execução da pena
ultrapassaria as melhores expectativas atuais de produtividade do Conselho
Nacional de Justiça. Este juiz jamais se convenceu de que exista prova ilícita;
nesta locução, entrevê ele uma <i>contraditio
in adjecto</i>. Durante a instrução, é difícil perceber se o maior afinco e
devotamente na demonstração da hipótese acusatória é dele ou do Ministério
Público, a cujo representante jamais negou um só requerimento. Bem diverso é o
tratamento que defere aos advogados, e especialmente aos mais humildes. No
fundo, para ele a advocacia criminal é uma cumplicidade <i>ex post facto</i>. Esses <i>reality
shows</i> judiciários, com o suspeito sendo preso à luz das câmeras e exibido –
sabe-se lá com qual autorização constitucional ou legal – pela polícia contam
geralmente com sua participação no roteiro. Para obter cópias do procedimento,
e poder examinar a base probatória do indiciamento ou da acusação, o advogado
enfrentará muitas dificuldades, ao contrário dos jornalistas, que disporão de
documentos e gravações inacessíveis aos defensores. A subordinação deste juiz
aos anseios da turbamulta midiatizada, sequiosa de humilhações,
constrangimentos e quem sabe alguma violência, me levou a designá-lo por juiz
Pilatos. Só que, ao contrário de seu patrono histórico, de cuja insensibilidade
e arrogância resultou um sacrifício para a redenção da humanidade, o juiz
Pilatos representa a perdição do Estado de direito, que por suas mãos sujas de
sofrimento punitivo está sendo asfixiado pelo Estado de polícia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<!--EndFragment-->Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-91953425791865845102011-12-29T16:05:00.001-02:002011-12-29T16:05:22.274-02:00Discurso de Nilo Batista em agradecimento pela medalha Teixeira de Freitas - Instituto dos Advogados Brasileiros - Parte I<br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXcU3cflGm4kONLj-F1O-8dQVTesuB3cK1AC8ZcVTKd2ppRPtKn5GmeD3J2wyvw59uTSQ5twG5Oym2k9_1P85rMy6TTowaCLk31Q3wCZ5k83HrfoZUOkFI4gsII8Nbh_NyRQ7hYsgoaBiv/s1600/Nilo+Batista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXcU3cflGm4kONLj-F1O-8dQVTesuB3cK1AC8ZcVTKd2ppRPtKn5GmeD3J2wyvw59uTSQ5twG5Oym2k9_1P85rMy6TTowaCLk31Q3wCZ5k83HrfoZUOkFI4gsII8Nbh_NyRQ7hYsgoaBiv/s320/Nilo+Batista.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Discurso de
agradecimento pela medalha Teixeira de Freitas,<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">concedida
pelo Instituto dos Advogados Brasileiros<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">em 14 de dezembro
de 2011<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="font-size: 13.0pt;">ao advogado
Nilo Batista</span></b><span style="font-size: 13.0pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Excelentíssimo
Senhor Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Minhas
Colegas e meus Colegas Advogados,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Autoridades
presentes,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Minhas
Senhoras e meus Senhores,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-size: 13.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">I<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Este
pequeno – tranquilizem-se todos – este pequeno discurso teve um nascimento mais
difícil do que o de todas as alegações finais, memoriais ou artigos acadêmicos
que escrevi na vida. Os amigos mais próximos sabem que, semialfabetizado
digital, continuo a escrever valendo-me de uma caneta <i>bic</i> e de um bloco pautado. Não tenho a conta das folhas amassadas
que atirei à cesta de lixo: a gravidez do discurso foi de alto risco, e em
muitas ocasiões perguntei-me se chegaria ela a termo. Ao invés do desejo por
comidas exóticas, instalava-se em mim um estranho sentimento, uma espécie de
inveja da posição confortável de nosso generoso Colega Carlos Eduardo Bosísio.
Sim, das entranhas convulsas provinha a convicção de que elogiar – mesmo quando
o objeto dos encômios definitivamente os não mereça – elogiar é muito mais
fácil do que agradecer. Muito mais fácil. Recordemo-nos da desenvoltura com que
Erasmo elogiou a loucura, sem deixar de nos espicaçar nela incluindo os
jurisconsultos que segundo ele “amontoam glosas sobre glosas, citações sobre
citações” e ainda “julgam-se os primeiros sábios do mundo”... E o que pensar de
Calamandrei, que lepidamente conseguiu elogiar todos os juízes, todos eles, até
aquele que dorme durante a sustentação, no qual descobriu prodigiosamente a
virtude da discreção por deixá-lo “à vontade para discorrer sozinho, comigo
mesmo, quando meu discurso já não o interessar”... <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Foi
essa descoberta, de que elogiar é muito mais fácil do que agradecer, que
finalmente precipitou o parto, ou melhor a cesariana, já que na confusão
puerperal prevaleceram os meios cirúrgicos artificiais sobre os procedimentos
naturais na vinda ao mundo do discurso. É certo que devo agradecer, e faço-o –
contrita e sinceramente – a nosso Presidente, o ilustre advogado e professor
Fernando Fragoso, e a cada um dos notáveis juristas que integram o Conselho
Superior do Instituto dos Advogados Brasileiros pela honra imerecida com que me
distinguiram, outorgando-me a venerável medalha Teixeira de Freitas. Na pessoa
de minha amada companheira Verinha concentro todo o agradecimento da ordem dos
afetos, no amplo arco que vai de nossos pais que já partiram aos netos que
começam a alegrar-nos, passando pelos queridos filhos que nosso amor reuniu e
criou. É certo ainda que devo agradecer aos mestres de nossa profissão cujas
lições tive o privilégio de haurir, e nas saudades de Evandro Lins e Silva,
Heleno Fragoso e Humberto Teles sintetizo minha gratidão a todos os advogados
criminais com quem compartilhei alguma vez as tensões na apuração dos votos de
um quesito decisivo no júri, e especialmente a meus diletos companheiros de
escritório, de ontem e de hoje. Devo um agradecimento especial a Leonel Brizola,
que me revelou a natureza política das opressões punitivas. Enfim, é certo que
tenho muito a agradecer. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Mas
não é menos certo que devo interpretar essa distinção olhando não para qualquer
eventual merecimento pessoal, mas sim para a crise que o Estado de direito vive
entre nós, acometido pelo Estado de polícia através de seus meios prediletos,
as agências do sistema penal, e para o papel exercido nesta crise pela
advocacia criminal. Recair a distinção na pessoa de um advogado criminal na
atual conjuntura foi um ato firme e eloquente da superior administração de
nosso Instituto na afirmação das franquias, das prerrogativas e das
insubstituíveis funções da advocacia criminal no Estado de direito. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> A
compreensão do sentido real da homenagem dessa noite me permitiu, finalmente,
escrever o discurso, o qual, tendo se iniciado como agradecimento, pode
prosseguir – superada assim a inveja do Bosisio – como um elogio da advocacia
criminal exercida em tempos paradoxalmente sombrios. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">II<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Tempos
paradoxalmente sombrios, foi dito acima, e cabe expor tal paradoxo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Todos
sabemos que em <st1:metricconverter productid="1964 a" w:st="on">1964 a</st1:metricconverter>
ordem constitucional foi rompida por um golpe oligárquico-militar,
instalando-se um Estado de polícia cuja superação formal somente ocorreria com
a Constituição de 1988. Na fase mais crítica dessa ditadura, aquela que vai da
edição do Ato Institucional nº 5 até a chamada “abertura”, as violações a
direitos humanos fundamentais e às mais elementares garantias individuais
sofridas pelos suspeitos, indiciados ou acusados de crimes contra a segurança
nacional encontraram na advocacia criminal repulsa, denúncia e uma frustrante
busca de proteção legal. Muitos assassinatos, muita tortura e muitos
desaparecimentos não eram noticiados nos jornais, sob censura do governo. A voz
da advocacia criminal não ecoava, não ultrapassava os cancelos das Auditorias
da Justiça Militar. O <i>habeas-corpus</i>,
suspenso pelo AI-5, convertera-se numa dramática pescaria em águas turvas,
mediante a qual procurava-se saber se o detido ainda vivia: caso as informações
prestadas pelas autoridades do subsistema penal DOPS/DOI-CODI fossem negativas,
quer dizer, caso a detenção (atestada por companheiros do detido) fosse negada,
o paciente tinha sido executado ou não resistira à tortura. Acessar os autos de
Inquéritos Policiais Militares era tarefa em muitos casos impossível, sob a
alegação de um sigilo que envolveria a segurança do Estado. Manter contacto
pessoal e reservado com o cliente era, na fase investigatória, algo
inalcançável, e durante o processo algo muito racionado. Embora na Justiça
militar, destacadamente no Superior Tribunal, os advogados não fossem
discriminados, nos aparelhos repressivos geravam-se preconceitos que chegariam
até mesmo à breve prisão de alguns dos mais destacados, como se deu com Augusto
Sussekind, com George Tavares e com o pai de
nosso Presidente, o Professor Heleno Fragoso. Nunca me esquecerei da firmeza
com a qual o <i>batonnier</i> Ribeiro de
Castro reclamou ao então Comando do Iº Exército a soltura dos advogados. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Transportemo-nos
para os dias de hoje, e neste vôo de quatro décadas enfatizemos o ano de 1988,
que simbolizaria, na promulgação da Constituição da República, a superação
histórica do Estado de polícia e a implantação do Estado de direito. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Temos
entre os presentes muitos homenageados, porque a medalha Teixeira de Freitas
foi hoje concedida à advocacia criminal, e um fragmento dela fulge no peito de
cada criminalista. Esta especialidade profissional, quando exercida por certo
período, dota o advogado – como observei há tempos – de uma antena muito
sensível, pelo permanente confronto com o poder punitivo. A advocacia criminal
se manifesta quase sempre – ressalvadas atuações específicas e minoritárias, a
exemplo da assistência de acusação – como contrapoder, e essa <i>praxis </i>nos adestra para a percepção
antecipada de restrições a direitos e de flexibilização de garantias. Em suma,
os advogados criminais por vezes conseguimos, como os meteorologistas,
adivinhar a borrasca de amanhã pelos ventos de hoje. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Gostaria
de lançar algumas perguntas a meus Colegas criminalistas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Ocorrem
frequentemente, hoje, em nosso país, violações a direitos humanos fundamentais?
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Suspeitos,
indiciados e acusados têm hoje, de modo geral, suas garantias individuais
preservadas? Caso alguma dessas garantias lhes for sonegada, obtem-se hoje
prestamente proteção legal, com sua imediata restauração?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> “<i>Dois terroristas foram mortos pela polícia
ontem</i>” – eis uma pequena notícia que se estampava por vezes nos jornais
censurados do início da década de setenta. Porventura na imprensa livre de hoje
se poderia ler algo similar, a exemplo de “<i>dois
traficantes foram mortos pela polícia ontem</i>”? Aqui, a única resposta
correta seria: todo dia. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> A
voz da advocacia criminal dispõe hoje de alguma ressonância? Ou, como já foi
registrado pela criminologia da comunicação, a imprensa só se interessa e
divulga versões acusatórias, salvo quando tem a oportunidade de ridicularizar o
argumento canhestro de algum Colega inexperiente ou inábil?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Hoje,
em tempos de intensa punitividade, observa-se nos tribunais tendência a
dilargar ou a restringir o alcance do <i>habeas-corpus</i>?
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Acessar
hoje os autos de certos inquéritos ou mesmo de certas medidas liminares é
porventura mais fácil do que era acessar os autos dos Inquéritos Policiais
Militares?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> A
entrevista pessoal e reservada, este ponto de partida indeclinável do
relacionamento profissional, esta condição impostergável do aconselhamento
advocatício, realiza-se hoje sem maiores obstáculos?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O
advogado criminal é hoje compreendido como elemento “<i>indispensável à administração da Justiça”</i>, tal qual preconiza a
Constituição da República (art. 133 CR), ou é preconceituosamente visto com
suspeição, como uma espécie de cúmplice <i>ex
post facto</i> do delito? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O
advogado é hoje “<i>inviolável por seus atos
e manifestações no exercício da profissão</i>” (art. 133 CR), ou é
frequentemente criminalizado, aqui pela linguagem enérgica – que, enquanto
aderida à discussão da causa, deveria ancorar-se na <i>libertas convinciandi</i> (art. 142, inc. I CP) –, ali pelo desacato –
sem fundamentação convincente expurgado dos “<i>limites da lei</i>” pela Corte Suprema –, acolá pelo autoritário tipo
legal da desobediência, mais adiante sob outros pretextos?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 117.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-size: 13pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> A
resposta a todas essas perguntas resulta num diagnóstico surpreendente e
preocupante, cujo enunciado se pode retardar formulando outra questão: o
sistema penal brasileiro da redemocratização será tão ou mais autoritário do
que foi o subsistema penal DOPS/DOI-CODI durante a ditadura?</span></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-33978323139010923982011-12-28T11:27:00.002-02:002011-12-28T11:27:41.231-02:00Presunção de inocência e anotações públicasNos últimos dias desde 25 de dezembro o jornal O Globo tem centrado foco na aplicação pelo STF da Resolução n. 356, de 06 de março de 2008, que restringe a emissão de certidões pelas quais revela-se a existência de inquéritos arquivados e processos extintos com a absolvição do acusado, entre outras hipóteses.<br />
O ângulo pelo qual a matéria é tratada busca associar a resolução do Supremo Tribunal Federal a alguma política contrária à transparência e, ainda que sutilmente, implica a referida política a decisões recentes da Corte, em âmbito liminar, relacionadas aos poderes do Conselho Nacional de Justiça, como se o STF ou seu presidente estivessem orientados a manter as questões judiciais delicadas, envolvendo políticos ou magistrados, intencionalmente na sombra.<br />
O espaço de um post em blog é bastante limitado para tratar com profundidade das referidas matérias, mas até pela data da resolução, março de 2008, percebe-se que o propósito de atar temas tão díspares serve à produção de notícias, mas nada esclarece sobre do que, afinal, cuida o ato normativo do STF e isso em um perigoso caminho de enfraquecimento das garantias constitucionais.<br />
A resolução do Supremo Tribunal trata da presunção de inocência e seus efeitos relativamente a pessoas que foram investigadas, processadas e absolvidas ou até mesmo condenadas, mas cujas penas foram cumpridas, saldando sua dívida com a sociedade.<br />
Não é algo que esteja limitado a determinada categoria de suspeitos ou acusados, como quer parecer crer a reportagem. Ao revés, a proteção derivada da presunção de inocência é aplicável a qualquer pessoa (em maio de 2010, em julgamento de mandado de segurança na 5a. Câmara Criminal, no Rio de Janeiro, adotou-se a mesma regra, em voto de minha autoria).<br />
Para os que conhecem as filigranas forenses é um tanto evidente que o STF emita certidões sobre procedimentos que tramitaram na Corte. Não pode fazer isso para procedimentos que se encerraram em outras instâncias judiciais.<br />
Por isso a resolução n. 356 refere-se à expedição de certidões "no âmbito do Supremo Tribunal Federal". Não poderia ser diferente, porque se cuida de ato normativo interno do STF. E perante o Supremo Tribunal Federal tramitam, em caráter originário, investigações e processos que pela Constituição reservam aos suspeitos ou acusados (e eventuais condenados, no caso cujas penas foram cumpridas) o direito de serem julgados no STF. Tentar ver nisso política de tutela ou favor a autoridades é ignorância ou malícia.<br />
O princípio nuclear, de índole constitucional, para suspeitos e acusados absolvidos é o da "presunção de inocência". A garantia da intimidade e o valor imanente configurado pela "dignidade da pessoa humana" protegem o condenado cuja pena está cumprida.<br />
Apesar de tratar-se de resolução, com perímetro normativo bastante reduzido, o ato do STF emite clara orientação aos juízes e tribunais de todo país: as certidões que envolvam investigações criminais arquivadas ou processos penais findos com sentença absolutória não devem conter menção à existência destes procedimentos.<br />
Isso não elimina, fisicamente, os autos destes processos. Não impede pesquisadores da área das ciências sociais, por exemplo, de investigar o procedimento e a decisão. Sequer configura proibição de acesso aos referidos autos, essa sim, medida sem lastro na Constituição da República, que atentaria contra a publicidade dos atos do poder público.<br />
No equilíbrio difícil, mas necessário, entre interesses constitucionalmente tutelados que estejam em rota de colisão, a preservação dos autos dos procedimentos (incluindo inquéritos arquivados e processos com absolvição) e a vedação de emissão de certidão de "antecedentes criminais" na mesma hipótese são medidas que estabelecem compatibilidade entre publicidade e presunção de inocência.<br />
A questão subjacente - e que parece causar desconforto a mentes mais conservadoras - está em entender que tipo de relação há entre procedimentos arquivados ou com absolvição e a presunção de inocência e, ainda, que consequências negativas são essas que a resolução do STF e as decisões judiciais nela estribadas pretendem prevenir.<br />
Até bem pouco tempo, mesmo depois da Constituição de 1988, havia juízes e tribunais que aumentavam a pena de condenados com base em antecedentes criminais, mesmo que se tratasse de inquéritos policiais arquivados. Sustentava-se a impossibilidade de se comparar em igualdade de condições quem nunca sofrera um inquérito ou respondera a processo a alguém que já havia passado por isso, apesar de inocentado.<br />
Tal prática judiciária relativamente comum afrontava o mandamento constitucional insculpido no inciso LVII do artigo 5o. (e o mesmo princípio, que fora reconhecido pelo Brasil em tratados internacionais, como o Pacto de São José da Costa Rica e o de Direitos Civis e Políticos). Ninguém será considerado culpado senão após o trânsito em julgado da sentença condenatória.<br />
Também fora da esfera criminal expandiam-se os efeitos perversos da consideração de uma "culpa" relativa à condição de indiciado ou processado: empresas deixavam de contratar candidatos a emprego porque as certidões revelavam o "passado suspeito" dessas pessoas.<br />
Finalmente, até em determinados espaços da esfera política, impregnados por um falso moralismo, disseminou-se a idéia de que candidatos a cargos públicos que responderam a inquérito ou processo, ainda que inocentados, não seriam portadores de "ficha limpa" e, portanto, seriam indignos de representarem seus eleitores.<br />
Em todos estes casos ignorava-se solenemente a presunção de inocência, quer sob o prisma da tutela da condição de inocente em face do Estado, quer pelo ângulo da referida proteção na relação entre "entes privados", instituindo abominável discriminação no lugar em que o Pacto Social maior proibia, de maneira expressa, este tratamento diferenciado.<br />
A posição assumida pelo STF, calcada em um sem número de decisões do gênero, nada mais fez do que sinalizar para a definição do perímetro da tutela da inocência.<br />
É certo que as decisões judiciais não têm o poder de superar preconceitos. Mas podem, com algum grau de eficácia, reduzir os casos em que preconceitos, e não fatos, ditam as ações no seio social.<br />
Há muito mais a ser dito sobre o assunto, mas os limites do post remetem a postagens ou textos de fôlego em outro momento e lugar.<br />
Geraldo PradoAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-29034415556058611402011-12-25T11:51:00.000-02:002011-12-25T21:18:36.801-02:00Resposta a estimado amigo: sobre "vassouras", ditadura e Poder JudiciárioDivulgo resposta a dileto amigo, postada no facebook, sobre o tema que posso definir como: serenidade e fortalecimento da democracia - ou onde eu estaria em 1964?<br />
<br />
"As vassouras levaram o país à ditadura e por isso sou firme opositor delas.<br />
Estamos em lados opostos, prezado amigo.<br />
É lamentável que as pessoas não percebam o grau de manipulação (e despolitização/alienação) que a bandeira udenista de "vassouras"e "caçadas a marajás" envolve.<br />
No lugar do sério debate sobre o aperfeiçoamento do Judiciário a opinião pública segue a "onda" da "limpeza" em um processo de pressão sobre um Poder que de fato carece de profunda transformação, mas ainda é o fiel da balança dos direitos que as grandes corporações e burocracias insistem em negar à maioria sofrida de nosso povo.<br />
As novas cartas desta etapa crítica da globalização são jogadas a partir da perspectiva de que direitos solenemente declarados em Cartas Constitucionais configuram empecilhos à estabilidade econômica. Confundir, pois, a população em geral, identificando o Judiciário com o estuário dos "bandidos de toga", termina por prestar significativo desserviço à democracia, na linha dos vários atentados contemporâneos à independência deste Poder, porque os juízes têm sido os garantes destes direitos, especialmente os sociais (trabalhistas, previdenciários etc.), instituindo barreiras ã força insinuante do capital.<br />
As mazelas do Poder Judiciário, sem dúvida graves, - e as de todos os segmentos da sociedade - não serão superadas, salvo por procedimentos claros, conforme as regras constitucionais, mas enfraquecer o Judiciário importa em tornar frágil a própria democracia.<br />
E a democracia dispensa "heróis".<br />
Nela não há lugar para "vassouras", é o que a história nos ensina (1964).<br />
Geraldo Prado"Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-26700879002363293572011-12-23T18:09:00.000-02:002011-12-23T18:09:33.081-02:00Asleep over my dreams: Brasil natalino<a href="http://fepeixinho.blogspot.com/2011/12/brasil-natalino.html#links">Asleep over my dreams: Brasil natalino</a>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-87716851599277836282011-12-19T01:02:00.000-02:002011-12-19T01:02:51.160-02:00Grupo de Estudos sobre as matrizes autoritárias do processo penal brasileiro: reunião de dezembro de 2011 - Palestras sobre Carl Schmitt e Francisco Campos<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Convido para assistirem aos vídeos com as palestras de </span><span style="background-color: white; line-height: 20px; text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vicki Sulocki e Rodrigo Fernandes sobre- O autoritarismo na perspectiva do Estado de Exceção - De Carl Schmitt a Francisco Campos, publicado no blog do Grupo de Estudos sobre as Matrizes Autoritárias do Processo Penal brasileiro (UFRJ).</span></span><br />
<a href="http://gpgrupodeestudos.blogspot.com/" target="_blank">http://gpgrupodeestudos.blogspot.com/</a>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3711244628444042304.post-38827458201598127622011-12-12T11:22:00.001-02:002011-12-25T11:10:49.939-02:00Lançamento hoje, na Travessa do Leblon! Livro e debate fundamentais.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGa9yRGJmuCuwV0Q5ttJWA50DKkjIgI0pzalkjkb4odJp2auh7wu00A_73XedmWh58DlE-7RQvaZWbahOcBsMalXBCg8kP_4Jr6wuiWXG-Zmiowp4W7jhbhV2IAJkSpmJYcg-Z5ozOhyphenhyphenFK/s1600/Livro+de+Luiz+Eduardo+Soares.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGa9yRGJmuCuwV0Q5ttJWA50DKkjIgI0pzalkjkb4odJp2auh7wu00A_73XedmWh58DlE-7RQvaZWbahOcBsMalXBCg8kP_4Jr6wuiWXG-Zmiowp4W7jhbhV2IAJkSpmJYcg-Z5ozOhyphenhyphenFK/s320/Livro+de+Luiz+Eduardo+Soares.JPG" width="320" /></a></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02544446305064449021noreply@blogger.com0